Um sorriso e um café

O sorriso dela começa sempre do lado esquerdo. Depois, como uma bailarina num delicado e rápido grand jeté, os lados se igualam. O sorriso dela abre tanto que os olhos se fecham. E não importa se está com o tal “cor de boca” ou o hipnotizante vermelho, ele me encanta. Dá medo quando o sorriso olha em minha direção ou até mesmo quando os olhos dela sorriem para mim. Dá medo e confusão. 

Ela gosta de esquentar as mãos na caneca de café. Ela não sabe que não gosto de café – mas tomo nas manhãs em que ela está aqui. Também gosto do seu beijo com gosto de café e do cheiro de café quando acordo e ela já não está na cama, mas entre ruídos pela casa.


Ela sempre usa minha camisa. E desde então esse pijama nunca foi tão bem vestido. A camisa também se tornou a minha preferida. Ela fica assim, meio bagunçada e larga, até meio sem jeito, mas cheia dela. Sei que a esquenta assim como a caneca esquenta suas mãos e ela me aquece sorrindo... e o sorriso dela começa sempre do lado esquerdo.


Comentários

Gerusa Reis disse…
Adorei, é como se eu tivesse assistindo a cena, eu gosto muito de textos que me remetem as escolas literárias como o subjetivismo romântico, sempre na primeira pessoa e cheios de sensações e percepções.
Gosto Muito.
Greice disse…
Obrigada pela percepção e retorno :)
Um beijo, Ge!

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